O grupo Anonymous, coletivo mundial de ciberguerrilheiros, manteve os ataques a alvos preferenciais, nas últimas 24 horas e, além do sítio do governo da França (www.elysee.fr), que amanheceu com a tela branca e nela escrito, em letras garrafais: We Are Legion (Somos uma legião), principal slogam dos insurgentes, foram atingidos outros 14 nos EUA e Europa. Saíram do ar as páginas da Casa Branca, sede do governo dos EUA (Whitehouse.gov), do departamento de Copyright (DOJ, na sigla em inglês), da Universal Music norte-americana e francesa, da associação da indústria fonográfica (RIAA, também na sigla em inglês), da associação da indústria cinematográfica (MPAA) , do Departamento de Justiça (Justice.gov), da federação belga de antipirataria e seu equivalente francês (anti-piracy.be/nl/ e HADOPI.fr), da polícia federal norte-americana (FBI.gov), do senador Christopher Dodd (ChrisDodd.com), que permanecia fora do ar na tarde deste sábado, da Vivendi France (Vivendi.fr), da BMI (BMI.com) e da Warner Music Group (WMG.com).
O site do Megaupload foi encerrado em todos os países em que atuava |
Segundo nota do grupo, distribuída também pela internet, no início desta tarde, os ativistas seguem com estas instituições na lista de novas ações que irão transcorrer nos próximos dias. A estratégia de protesto do Anonymous parece ter surtido efeito. Em menos de 24 horas, um número consistente de congressistas norte-americanos deixou de apoiar as controversas leis antipirataria, com votações em curso no Senado. Segundo analistas, a ação eficaz contra o Megaupload, maior site de armazenamento e distribuição de dados da internet, provou serem desnecessários o Stop Online Piracy Act, (SOPA), ou o Protect IP Act (PIPA), para se regular a questão dos direitos autorais na web. Ao todo, 19 senadores mudaram seus votos e cinco deputados se posicionaram contra os novos projetos de lei.
Protesto em Portugal
Ao redor do mundo, o Anonymous prossegue na busca do apoio popular e em Lisboa, neste sábado, o grupo realizará uma rara manifestação de rua. Manifestantes distribuíram flyers na noite passada e nesta manhã, com a convocação para uma passeata até a Praça Marquês de Pombal, no Centro da capital portuguesa. Além do controle da internet, a crise econômica e o desemprego também integram a pauta do encontro.
Leia o manifesto, na íntegra:
“Iniciamos 2012 mergulhados numa das maiores crises já vividas na história portuguesa e europeia. São mais de 700 mil desempregados no nosso país, e esse número não pára de aumentar. A precariedade laboral devora os nossos sonhos, condenando-nos à miséria e a uma vida sem futuro.
“O orçamento aprovado para este ano reproduz de modo ainda mais perverso as exigências da Troika, com cortes na Saúde, na Educação, eliminação do 13º e 14º salários na Função Pública, aumento do valor das taxas moderadoras, dos preços dos transportes, da eletricidade e das rendas das casas. Apesar do grande número de desempregados o governo amplia em meia hora por dia o horário de trabalho, aumentando a exploração e tornando mais difíceis novas contratações.
“Não somos nós que estamos a “viver acima das nossas possibilidades”, mas sim os banqueiros, patrões e multimilionários, bem como os políticos que os apoiam. Estes é que são os verdadeiros responsáveis pela crise da dívida pública!
“É preciso sair à rua e dizer basta!
“Apelamos a todas e a todos, desempregados, trabalhadores, imigrantes, precários, reformados, estudantes, todos aqueles e aquelas cujas vidas e sonhos estão a ser destruídos em nome de uma crise pela qual não têm qualquer responsabilidade, a que se juntem e, a 21 de Janeiro, mostremos na rua que exigimos viver em Democracia e que em Democracia o poder é do povo e de mais ninguém!
“Pelo direito ao trabalho com direitos!
“Contra as privatizações dos setores estratégicos!
“Suspensão do pagamento da dívida e auditoria popular!
“A Democracia sai à rua
“Traz a tua voz!”
Megaupload
A mais nova batalha entre as autoridades dos EUA, incluindo o FBI, e o Anonymous teve início nesta quinta-feira, quando o Megaupload e outros 18 sites afiliados foram retirados do ar após o governo norte-americano considerá-los “uma organização delitiva responsável por uma enorme rede de pirataria virtual mundial”, com mais de US$ 500 milhões em perdas ao transgredir os direitos de propriedade intelectual de companhias. As autoridades norte-americanas contabilizam que, por meio do Megaupload, que conta com 150 milhões de usuários registrados, e de outras páginas associadas, foram movimentados mais de US$ 170 milhões nos últimos anos.
A Megaupload Ltd. e outra empresa vinculada ao caso, a Vestor Ltd, foram indiciadas no Estado da Virgínia por violação aos direitos autorais e também por tentativas de extorsão e lavagem de dinheiro, infrações penalizadas com 20 anos de prisão. Embora tenham participado da operação, as autoridades da Nova Zelândia não devem apresentar acusações formais contra o Megaupload, apesar de considerar que a empresa também infringiu as leis sobre propriedade intelectual deste país.
Em resposta ao fechamento do Megaupload, o Anonymous bloqueou temporariamente o site do Departamento de Justiça e o da produtora Universal Music, entre outros, ainda na noite de quinta-feira. Segundo os ativistas, foi o maior ataque já promovido pelo grupo, com o apoio de mais de 5 mil técnicos em Tecnologia da Informação. O anúncio do fechamento do Megaupload ocorreu em meio à polêmica, nos EUA, sobre a proposta de uma lei antipirataria, o Sopa, que corre na Câmara dos Deputados, e o Pipa, que é debatido no Senado, contra as quais se manifestou, entre muitos outros, o site Wikipédia, interrompendo seu acesso no dia 18 de janeiro e o Google mascarando seu logo. O protesto foi chamado de apagão pelos manifestantes.
No Brasil, a atuação do Anonymous se resumiu a um breve ataque ao sítio da cantora Paula Fernandes, nesta manhã. A página paulafernandes.com.br amanheceu com a imagem de um palhaço e a mensagem: “Se o Megaupload está fora do ar, você também está”. O protesto fora anunciado, com antecedência, pelo Anonymous no Twitter.
Fonte: Correio do Brasil
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